16 de novembro de 2010

Tomar ou não tomar vitaminas para envelhecer bem?

Muita gente pensa que para envelhecer bem é preciso tomar algumas “vitaminas”. Outras pensam que “geriatra que é geriatra, deve prescrever alguma vitamina ao paciente idoso”. Muitas vezes ouço de pacientes ou familiares: “Doutora, acho que é preciso alguma vitamina, a senhora não acha?” Afinal, precisamos ou não precisamos tomar vitaminas?
As vitaminas juntamente com outras substâncias que compreendem o que chamamos de “micronutrientes”, são substâncias que o organismo requer para uma série de processos bioquímicos e para a formação de hormônios, fundamentais para o crescimento e para o bom funcionamento de todo o corpo. São chamados de “micronutrientes” porque, ao contrário dos macronutrientes (carboidratos, gorduras, proteínas), formam um grupo muito diversificado cujas necessidades diárias são muito pequenas, embora essenciais.
Esse conceito é importante porque já nos indica que, como são necessários em pequenas quantidades, alguns micronutrientes também podem causar intoxicações se forem consumidos em altas doses.
Há diversos estudos atuais que tentam comprovar os benefícios da utilização de polivitamínicos como complementação alimentar. Não podemos deixar de observar que há interesses comerciais envolvidos e, ainda assim, os resultados são bastantes frustros embora nem sempre sejam apresentados dessa forma aos consumidores. Além disso, é interessante notar, que quando se comparam reposições de micronutrientes em formas artificiais (cápsulas ou em pó, por exemplo) com formas naturais (por meio de uma dieta adequada), a reposição natural é sempre mais efetiva.
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Fraqueza, mal-estar, inapetência, desânimo, perda de memória, cansaço entre outros, fazem parte dos sintomas que levam muitas pessoas a consumir polivitamínicos. Entretanto, essa atitude é um grande risco para a saúde física e mental. Tal quadro deve ser avaliado por um médico de confiança, no caso dos idosos, preferencialmente por um geriatra. Muitas vezes, o que as pessoas julgam poder ser corrigido com “umas vitaminas”, podem, na verdade, ser doenças sérias: depressão, Alzheimer, Parkinson, insuficiência cardíaca, insuficiência pulmonar, insuficiência renal etc.
Para todos que procuram melhor desempenho físico ou mental e por isso desejam tomar vitaminas, o que é realmente recomendável é procurar ter uma vida mais saudável: dormir as horas necessárias e bem, alimentar-se de forma equilibrada, praticar atividade física, não fumar, consumir bebidas alcoólicas com moderação, manter-se bem hidratado e ter metas de vida. Muitas pessoas me pedem uma “receita” para envelhecer bem. Essa é a “receita”: ter uma vida saudável. Não há segredos. É verdade que nosso estilo de vida, especialmente nas grandes cidades, nem sempre propicia as melhores condições para essa vida saudável. Mas eis um bom motivo para buscar ajuda: a consulta médica é também um aconselhamento, uma ajuda personalizada. Não podemos esquecer nunca que a prevenção sempre será o melhor remédio.
Há muita propaganda sobre vitaminas nacionais e estrangeiras com promessas milagrosas de aumento de vitalidade, da capacidade física e mental, e isso é atraente porque é uma forma fácil de conseguir um bom objetivo. Ainda que não seja o que gostaríamos de “ouvir”, não devo deixar de dizer: em geral, tudo aquilo que realmente vale a pena na vida não é tão fácil de alcançar. Isso não quer dizer que não seja simples, mas exige esforço. E esse esforço vale a pena: saúde não se compra, se conquista!

2 comentários:

  1. Luciana,

    sou médica endocrinologista, mas com muita simpatia pela geriatria. Tive conhecimento hoje do seu blog e achei-o muito interessante.
    seu artigo sobre polivitamínicos está muito bom!
    Mas sugiro que em outra ocasião vc aborde a importância da Vitamina D, principalmente nos idosos. Um abraço
    Maria Lucia Benevides de Schueler

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  2. Bom dia Luciana , também recebi um e-mail da Cris Bataglia e acessei seu blog. Vim direto para este artigo uma vez que há várias controvérsias sobre o tema. Sou nutricionista e atendo diversos clientes acima de 65-70 anos e percebo que é um publico que se divide em adeptos e não adeptos à suplementação mineral, vitamínico ou outros nutrientes encapsulados como o ômega 3, p.ex. após um diagnóstico nutricional de deficit . Sem dúvidas, a forma de eleição de reposição dos mesmos é o alimento ! Se temos um cliente ativo ou com cuidadores que possam preparar o alimento da melhor forma possível para preservação e oferta dos nutrientes, muito bem ! Por outro lado nem sempre estes clientes se beneficiam destes cuidados ou mesmo aceitam os alimentos fontes dos nutrientes, por não fazerem parte do hábito alimentar de anos ! Sendo assim, faz-se necessário uma COMPLEMENTAÇÃO NUTRICIONAL, ressalvo, com critérios (avaliação da fisiologia, estado psicológico, aspectos sócio-culturais, condições financeiras, DOSAGEM E ACEITAÇÃO - este é um ponto fundamental e mais complexo, para evitarmos realmente uma intoxicação do organismo !)
    Acredito que todos os profissionais que atendem este grupo de pessoas, devem estudar muito sobre a fisiologia e bioquimica do envelhecimento ( além de outros aspectos relacionados com esta fase de vida) e trabalharem em equipe multiprofssional.

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