19 de novembro de 2010

O idoso tem função social?

Um sinal de pobreza ética de uma sociedade é o menosprezo de seus concidadãos debilitados. Como não nos lembrarmos da eugenia nazista que pregava a eutanásia dos doentes mentais, dos velhos improdutivos ou da esterilização dos "não puros"?
Propaganda nazista: o custo dos cuidados de um doente congênito ao longo de sua vida, para o "povo novo" do Reich

Propaganda nazista: um jovem trabalhador sob o peso de pessoas "improdutivas" que geram muitos custos até completarem 60 anos de idade

E nos nossos dias, na nossa sociedade, ainda que os idosos agora estejam por todas as partes, cabe-nos um grande desafio, para todas as idades: compreender melhor a função social que as pessoas idosas são chamadas a exercer.
O que fazia Hitler e qualquer tirano? Convencer a população de que o mundo utópico, equilibrado e perfeito, poderia ser alcançado com o empenho da juventude para construir uma nova sociedade.
É um tremendo de um reducionismo o louvor excessivo dos jovens e do que eles representam como se esse fosse o único período importante e que valesse a pena de uma vida. É verdade que a beleza da juventude é mais formosa e que a força da juventude é invejável porque é capaz de feitos esportivos ou comerciais muito mais do que os indivíduos em outras fases.
Entretanto, os valores das pessoas mais velhas, funcionam como um saudável contrapeso social. E essa baliza, que só pode ser dada pelos mais experientes, desgraçadamente se perde se os idosos de uma sociedade se “infantilizam”. Chega a ser grotesco o idoso que banca o jovenzinho ou a idosa que se expõe como uma mocinha!
A adulação excessiva da juventude pode realmente seqüelar uma sociedade. O equilíbrio sempre será a fórmula de saúde. É interessante notar que nas sociedades anteriores a esse culto da beleza jovem em que hoje vivemos, o ancião sempre ocupou lugar de destaque e respeito. É o caso dos povos indígenas e seus caciques e pajés, dos povos africanos e seus líderes equivalentes, dos romanos e os senadores (senado provém de “senex”, “velho”), o mesmo em relação aos povos bárbaros e suas estruturas ou os orientais e sua relação com os antepassados.
Mesmo hoje pouco nos damos conta de idosos relevantes para a cultura do nosso país. E na estrutura familiar, também devemos abrir espaço para que os idosos ocupem papéis destacados, não necessariamente como detentores das decisões, mas como consultores preciosos.

Hoje os avós têm um papel talvez mais necessário que no passado, visto que também a maioria das mães trabalham fora de casa. Cada vez mais os casais recorrem aos avós de seus filhos,  que gozam de boa saúde, para que se ocupem das crianças. Sem dúvidas, essa é uma nova necessidade da vida moderna. É ocasião de que exerçam uma segunda paternidade e maternidade, propiciando uma relação mais estreita entre as diferentes gerações, diminuindo os naturais conflitos. Também os idosos, assim, aprendem com os mais jovens, podem entender melhor suas mentalidades e ajudá-los de forma mais efetiva.  
Para que tudo isso seja uma frutuosa realidade, a atitude dos que ainda não alcançamos a ancianidade, deve ser de respeito e compreensão com os mais velhos. Vejo com mais freqüência do que gostaria, que muitos filhos e netos não têm a paciência devida com seus familiares idosos. Desprezam, levianamente, os conselhos e as experiências de pessoas que além de vividas, desejam o nosso bem.
Gestos de impaciência, gritos ou simplesmente o frio desprezo em relação aos mais velhos é caminho de empobrecimento pessoal. É verdade que às vezes os idosos são mais lentos para se expressarem ou apresentam dificuldades de audição. Mas não é verdade que somos impacientes porque estamos muitas vezes correndo para “lugar-nenhum”? É saudável para nós, gastar tempo com os mais velhos, ouvir suas histórias, que são experiências que nos podem incrementar a vida e que nos abrem os olhos para mensagens do dia-a-dia que talvez não estejamos captando!

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