Recentemente estava examinando um paciente de noventa anos e ele me disse sorridente: “a doutora examina como os médicos de antigamente!”. Fiquei pensativa com o comentário. De fato, sabemos que pelo tempo de consulta que o sistema público e os convênios impõem aos médicos, as consultas muitas vezes são despachos para troca de receitas e solicitação de exames. Muitas vezes o médico mal escuta o que o paciente tem a dizer, mal olha nos seus olhos e mal coloca a mão no paciente.
Por isso costumo dizer que o geriatra particular, é sim aquele médico de cabeceira que muitos desejariam ter. É como “os médicos de antigamente”. Muitas vezes o nosso trabalho é o de gerenciar um grande número de especialistas envolvidos no cuidado do paciente e unificar as informações para a família.
Justamente por esse papel, o geriatra como médico de cabeceira é aquele mais próximo e a quem se pode recorrer para tirar dúvidas diversas sobre os cuidados da saúde, para pedir orientações em caso de sintomas que não estão controlados e para dar retorno em cada situação especial pela qual passar o paciente.
E quando procurar um geriatra? Não há uma idade fixa para isso. Acompanhamos adultos que querem receber uma visão integral de sua saúde, que querem ser vistos como um todo e pessoas maduras que querem envelhecer bem. Acompanhamos idosos saudáveis ou idosos de saúde delicada com múltiplos problemas. E também acompanhamos pessoas em uma das fases mais especiais da vida, o final dela.
Realmente por isso a especialidade nos faz médicos muito presentes na vida e na família dos pacientes. Insisto na ideia de médico de cabeceira porque essa relação de proximidade tem muito a ver com a real vocação da Medicina que não é – ou não deveria ser – a de uma relação comercial. Medicina de verdade significa ciência e arte, significa cuidar. E quem não quer e não precisa ser cuidado?
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